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Kees Van De Grint : O futuro do karting antes de tudo

Grande entusiasta de karting dotado de um profundo conhecimento deste desporto e da sua história, tanto técnica como humana, o Vice-Presidente da CIK-FIA, Kees Van De Grint, levantou um grande desafio ao aceitar este posto chave. Para ele o karting é um desporto inteiro, e não apenas uma passagem para o automobilismo, que deve reencontrar […]


Kees Van De Grint : O futuro do karting antes de tudo

Grande entusiasta de karting dotado de um profundo conhecimento deste desporto e da sua história, tanto técnica como humana, o Vice-Presidente da CIK-FIA, Kees Van De Grint, levantou um grande desafio ao aceitar este posto chave. Para ele o karting é um desporto inteiro, e não apenas uma passagem para o automobilismo, que deve reencontrar o entusiasmo popular gerado na sua criação e nos anos 80-90 junto do público e especialmente dos participantes. Kartcom teve a oportunidade, durante a Taça do Mundo KZ 2012 em Sarno, de discutir longamente com ele e de entender melhor a sua visão do futuro do karting.

 

« Nós devemos fazer tudo para tornar novamente o karting acessível ao maior número de pessoas. » explica calmamente M. Van De Grint. « No primeiro escalão deste desporto, um pai deverá poder acompanhar sozinho o seu filho ou filha numa pista para o fazer participar numa competição, sem possuir grandes meios financeiros. O kart de hoje tornou-se muito complexo, muito pesado e muito caro. É preciso voltar à simplicidade de origem que fez sucesso junto dos numerosos fãs. Nos últimos anos tudo é focado no alto nível esquecendo completamente a base. Com certeza as corridas internacionais permanecem importantes para a imagem e evolução técnica, mas perdem o sentido se a paixão que elas despertam não puder ser partilhado por numerosos praticantes. É o grande problema actual.

 

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Nós devemos avançar para um material mais simples e mais barato, é uma questão crucial para a sobrevivência do karting. Arrancadores elétricos, embraiagens, eletrónica embarcada, estão na origem de diversos problemas : excesso de peso, custos adicionais, avarias suplementares, controles tão complexos que só podem ser aplicados nas grandes competições. Eu não penso que possamos voltar ao arranque de carrinho levantando o kart, mas existem alternativas. Pode-se muito bem imaginar, por exemplo, uma embraiagem manual simplificada, unicamente utilizável para o arranque como na KZ.

 

Boas ideias para reporem o karting no bom caminho não faltam. Mas convencer todas as partes envolvidas nesta iniciativa, que no entanto é do interesse de todos, não é fácil. É imperativo ter uma visão a longo prazo. Alguns deverão mudar os seus hábitos, mas no final, todos ganharão. Tenho tido boas discussões com as fábricas. Eles sabem que a situação actual não pode continuar, mas por vezes orientam-se para soluções a curto prazo. Por outro lado, o funcionamento da CIK-FIA dá a última palavra às ASN (autoridades desportivas nacionais) para o seu voto. Será necessário informar e convencer os Países que nem sempre pensam ter os mesmos interesses e podem deixar-se seduzir por propostas ilusórias. Como Vice-Presidente, eu não tenho super poderes ! Isto é muito trabalho e preciso de apoio para conseguir.

 

Para o próximo ano temos algumas prioridades concretas. Não podemos mudar tudo de uma vez. Eu penso que a fórmula aplicada para o Campeonato do Mundo M18 e o Troféu Academia vai no bom sentido. A apelação do primeiro deverá evoluir e o alvo deverá ser centrado nos pilotos que não participam simultaneamente nas corridas internacionais para deixar a porta aberta a todos que não possuem os meios ou a experiência de participar nas grandes corridas. Tanto a M18 como a Academia deverão encontrar o seu papel de detecção, nomeadamente fazendo o seu lugar em cada nação, arriscando propor aos melhores pilotos de poderem depois passar ao alto nível, graças a uma organização pirâmide.

 

Para finalizar desejo voltar ao triste episódio do controlo de ruído em Sarno. Limitar as ondas sonoras é um problema crucial, principalmente na KZ. Lamento que as coisas se tenham passado desta maneira. Muitas equipas e pilotos jogaram o jogo ao desenvolverem sistemas eficazes e não foram recompensados pelos seus esforços. A CIK enganou-se no meio de controlar os excessos de ruído, o procedimento aplicado não era equitativo para todos os concorrentes e foi necessária a suspensão para uma resolução e assim evitar injustiças. Mas isto servir-nos-á de lição. Precisamos encontrar soluções de controlo simples e aplicáveis a todos os níveis, em todas as pistas onde a caça aos decibéis permanece mais do que nunca na actualidade. A regulamentação da KF3 é um sucesso neste domínio. »

 

Os próximos meses deverão permitir-nos de saber mais sobre as futuras orientações da CIK, mas sente-se, na pessoa do seu Vice-Presidente, um real desejo de fazer mexer as coisas para construir o karting de amanhã.

 

 

Info Kartcom / © Fotografia KSP


Publié le 07/09/2012

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