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Chiesa Corse não participará no Mundial KF1

Carta aberta à CIK-FIA na qual a Chiesa Corse explica as razões da sua não-participação no Campeonato do Mundo KF1 2012.   “Após ter participado em várias edições do Campeonato do Mundo e conquistado os dois últimos, é com grande pena que vos anuncio que a Chiesa Corse não participará no próximo Campeonato do Mundo […]


Chiesa Corse não participará no Mundial KF1

Carta aberta à CIK-FIA na qual a Chiesa Corse explica as razões da sua não-participação no Campeonato do Mundo KF1 2012.

 

“Após ter participado em várias edições do Campeonato do Mundo e conquistado os dois últimos, é com grande pena que vos anuncio que a Chiesa Corse não participará no próximo Campeonato do Mundo KF1. As razões para justificar esta escolha difícil são diversas.

 

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Antes de mais, eu não estou completamente convencido da decisão que permitirá a intervenção dos motores apenas no interior do Parque Fechado. Atribuir os motores por sorteio é uma coisa, mas impedir os mecânicos de trabalhar com todas as suas ferramentas nas suas oficinas e confiná-los no Parque Fechado é completamente diferente. Na prática, o risco é encontrarem-se situações no limite da viabilidade. Suponhamos que um fabricante comete um erro técnico e que no final da primeira sessão de treinos livres todos os pilotos utilizando um certo modelo entram com o motor partido. É impensável que um único Técnico no interior do Parque Fechado possa reparar a tempo todos os motores danificados, para permitir a todos os concorrentes concernidos de participar na sessão seguinte.

 

Em segundo lugar está a questão dos custos: os mecânicos não estarão em condições de ajudar os pilotos, devido às despesas excessivas deste sistema. De acordo com os novos regulamentos, efectivamente, mesmo apenas com um único piloto, todas as Fábricas deverão fornecer 10 motores para cada uma das cinco provas agendadas em todo o Mundo e sortear deste lote o motor que deverá ser utilizado na corrida. Esta decisão arrisca-se a afastar todos os fabricantes que não seriam capazes de absorver os custos consideráveis. Outro ponto, no que diz respeito à decisão na qual um piloto pode ser obrigado a trocar o seu motor por um diferente, que é utilizado por outro participante, a qualquer momento do fim-de-semana do Campeonato do Mundo. Mesmo se apreciamos o desejo de promover a igualdade de oportunidades para todos, esta decisão elimina completamente as competências profissionais de um determinado piloto. A maneira como um motor é usado, como é pressurizado e levado ao limite pelo piloto A, será diferente da do piloto B, arriscando-se a que o piloto A, talvez mais prudente e mais experiente na sua gestão da mecânica nos diferentes momentos do fim-de-semana, possa encontrar-se com um motor quase em ruptura nos momentos decisivos da corrida. Além disso, se os pilotos oficiais terão de aceitar as decisões da sua equipa, é pouco provável que seja o caso dos pilotos privados que, pagando as corridas do seu bolso, dificilmente concordarão que o motor que eles utilizaram até ali e com excelentes prestações, lhe seja de repente retirado.

Uma outra consequência possível das novas decisões regulamentares, que poderiam arruinar todo o trabalho de um fim-de-semana, diz respeito aos “acessórios” dos motores. Embora os motores devam permanecer no Parque Fechado, a mesma regra não se aplica aos sistemas de cabos, carburadores e silenciadores. No entanto, apesar da diferença de procedimento, estes elementos serão igualmente implicados no processo de troca de motores entre os concorrentes. Isso significa que os “acessórios” não verificados de um motor podem não cumprir os requisitos regulamentares e assim acabar por comprometer uma corrida importante.

Também gostaria de salientar outra coisa: eu posso compreender o motivo para querer redistribuir as cartas no decorrer do fim-de-semana: sendo os motores atribuídos por sorteio, a Federação troca os mesmos entre os pilotos … No entanto, penso que estas regras estão mais adaptadas para as corridas amadoras com karts de aluguer, nas quais é perfeitamente normal que os participantes, em que o único objectivo é divertirem-se, troquem as suas máquinas (e talvez as posições na grelha) no final da Corrida 1, com vista à Corrida 2. No entanto, creio que é um problema totalmente diferente quando se trata de um Campeonato do Mundo de alto nível. Neste caso, a capacidade profissional das equipas, dos pilotos e dos mecânicos deveria ser mais importante do que tudo o resto. As decisões tomadas recentemente pela CIK-FIA no que diz respeito aos motores não permite aos participantes de mostrar a sua competência profissional, pois a corrida de um determinado piloto poderia ser comprometida pela utilização de um motor proveniente de outro concorrente, possuindo um diferente grau de experiência profissional.

 

Eis as razões que motivam a decisão da Chiesa Corse de não participar numa competição que sempre gostou e na qual recentemente desempenhou um papel fundamental. No entanto, o Campeonato 2012 não apresenta as condições de base que foram definidas pela CIK-FIA após longas discussões entre as grandes fábricas. Neste momento uma questão se põe: se as fábricas quisessem verdadeiramente estas novas exigências regulamentares para a KF1, porque não as teriam adoptado para as séries da WSK Promotion?

 

Para concluir, lembro-me de um recente Campeonato do Mundo, em 2010, que teve um enorme número de participantes (mais de 100). Teria sido suficiente de retomar as grandes linhas, se o objectivo era de desenvolver uma fórmula vencedora para o karting mundial. Teria sido suficiente de acrescentar um dia suplementar ao programa da prova para permitir um maior número de séries, coisa que faltou na época. Além disso, para proteger os pilotos ditos «privados», teria sido primordial de eliminar os pneus especiais e impor a utilização de pneus homologados pela CIK-FIA, sem ter de recorrer a um pagamento por “leasing”. Os concorrentes deveriam ter a certeza de poder encontrar os pneus para o Campeonato do Mundo em qualquer revendedor.

 

Em vez disso, a decisão foi tomada para mudar completamente o formato de 2010 (embora alterar o número total de provas para 5 não favoreça a participação dos privados na série Mundial simplesmente por motivos económicos) com a consequência de que se tornou bastante difícil de encontrar pilotos em número suficiente preparados a participarem no Campeonato do Mundo 2012. Vamos esperar para ver como o novo formato que, de acordo com a Federação visa a aumentar a participação privada, vai realmente conseguir atrair novos pilotos que não serão apoiados pelas equipas oficiais.

Sinceramente, Dino Chiesa”

 

 

Info Chiesa Corse – trad. Kartcom / © Fotografia KSP


Publié le 17/02/2012

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